Conforme amplamente noticiado por diversos canais, o personagem do Mickey Mouse – criado por Walt Disney em 1928 e fortemente associado a Disney, uma das marcas mais reconhecidas e valiosas do mundo -, passou a ser de domínio público.
O Mickey tem um papel importantíssimo na criação da identidade da Disney, sendo amplamente vinculado ao valor da marca e à estratégia de negócios da empresa.
Existindo a possibilidade de outras marcas usarem este incrível, mitológico e carismático personagem, a tendência é que a Disney, com o passar dos anos, deixe gradativamente de utilizar o Mickey para reforçar sua marca. Não há dúvidas que será difícil, emocionalmente falando, abandonar uma criação que é quase um filho. Já no campo racional, a companhia deu aula de como diversificar suas produções e modelos de negócio. São vários ovos dentro da mesma cesta e até sucessos que não foram seus, hoje, fazem parte de um só conglomerado (StarWars, Marvel, Indiana Jones, entre outros).
Essa postura e visão de negócios servem de inspiração para muitas marcas que dependem e desenvolvem suas estratégias em um único produto ou serviço. O risco de não diversificar é muito grande. Apesar da Disney ter tido tempo hábil de prever a perda dos direitos do uso sobre seus personagens, ela expandiu seu negócio, sua comunicação e, claro, a percepção de valor sob sua marca. Hoje, a Disney é atrelada a filmes, brinquedos, parques temáticos, fantasia, inovação, realização de sonhos, entre outros. E, para isso, utiliza muito mais do que só o Mickey. Basta ver a quantidade de princesas e heroínas que foram criadas nesse tempo (tem uma cena bastante antológica no filme “Detona Ralf”, onde todas estas estão reunidas em uma sala). Enfim, a Disney não deixa de inovar, sempre entendendo o seu papel na sociedade, para não ser presa a um personagem, por mais doído que seja reduzir seus vínculos com o Mickey.
Será divertido também começar a ver o personagem em outros cenários que não exclusivos da Disney. Ele vai perder paulatinamente sua essência, mas abrirá espaço para toda uma nova audiência e novas possibilidades de contextos antes inimagináveis. Prato cheio para a galera criativa!
Vale ressaltar que a perda da exclusividade da Disney é somente em relação ao desenho e visual do personagem criado em 1928. Os “redesignes” que vieram depois ainda são de propriedade da empresa. Estes outros sofrerão o mesmo destino que a versão original no decorrer dos próximos 95 anos, prazo estipulado pela Lei de Extensão de Proteção de Direitos Autorais (Copyright Term Extension Act).